quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A briga de José Serra com um padre no Ceará - Sérgio Morenno

A briga de José Serra com um padre no Ceará - Sérgio Morenno: "A briga de José Serra com um padre no Ceará


(Foto tirada poucos instantes antes do tumulto)

17/10/2010

Panfleto ligado a tucanos contra Dilma Rousseff causa confusão ao fim da missa de São Francisco em Canindé

A campanha de José Serra no Estado do Ceará terminou com tumulto, ontem à tarde, na gruta da Basílica de Canindé, onde foi celebrada missa dentro dos festejos em homenagem a São Francisco. O motivo da confusão foi a manifestação do celebrante que, mostrando um panfleto entregue por militantes da campanha do tucano dizia que a adversária de Serra, neste segundo turno, Dilma Rousseff (PT), era a favor do aborto. O sacerdote disse que distribuição daquele material não poderia ser atribuída à Igreja.

Irritação

As declarações do padre geraram irritação ao senador Tasso Jereissati (PSDB). Primeiro, o tucano disse que o pároco não poderia fazer tal ação em nome da Igreja, acrescentando que 'isso é uma atitude não cristã. Lamento, porque venho aqui desde criança e nunca vi um sermão desse jeito'. Tasso declarou que não se sentia constrangido pelo sermão do padre, mas sim pelas bandeiras do Partido dos Trabalhadores (PT) que estavam fora do recinto.

O clima de constrangimento já era visível logo no início da celebração. Poucos minutos depois de José Serra chegar à missa, acompanhado do senador Tasso Jereissati, do ex-governador Lúcio Alcântara (PR) e de outros correligionários, o padre lamentou que algumas pessoas não foram à Igreja com o objetivo de acompanhar a cerimônia. 'Se alguém veio com uma outra intenção é melhor se retirar. Não defendo bandeira A ou B, mas a do evangelho', ressaltou, pedindo respeito aos demais presentes que foram ao recinto não para ver o pároco ou aos políticos, mas a São Francisco.

Depois da advertência do padre, a missa transcorreu com naturalidade, até o momento da Comunhão. Após José Serra, Tasso Jereissati e Lúcio Alcântara comungarem, romeiros que estavam na missa, pediam para tirar fotos com os políticos. Tais manifestações geraram novamente irritação ao pároco. 'As pessoas que estão fazendo imagem, não é assim que se vê política. Isso é profanação. É lamentável, as pessoas querem comungar e não podem', colocou.

Panfleto

Minutos depois, o padre apresentou o panfleto que estava sendo entregue por manifestantes do PSDB aos presentes na Igreja e pela cidade de Canindé. Ao erguer o panfleto, ele declarou que 'estão distribuindo isso aqui (o panfleto) como se fosse da Igreja, o que não é verdade. Não é assim que se faz política, não em nome da Igreja', reforçou. Com a manifestação do padre, o senador Tasso Jereissati se dirigiu às proximidades do altar e afirmou que 'o senhor não pode fazer isso', ressaltou. No mesmo momento, José Serra saiu do recinto acompanhado de aliados do PSDB e PR.

O panfleto denunciado pelo pároco, entregue por militantes do PSDB em Canindé, estava intitulado “Juntos pela vida”, com as cores azul e amarelo do PSDB. Porém, o mesmo estava sendo colocado sob responsabilidade do Instituto Vida de Responsabilidade Social, inclusive contendo número de CNPJ e tiragem de 5000 unidades. O documento explicava os “três grandes motivos para não votar na Dilma”. O panfleto ainda colocava que “nós cristãos, estamos chamando você, homem e mulher de bem do Ceará, para fazer parte desta luta contra as grandes ameaças a vida dos brasileiros”, aborda o texto.

Os três pontos abordados no panfleto eram aborto; drogas, armas e morte e a corrupção. No primeiro cita a suposta posição favorável do PT e de Dilma à descriminalização do aborto. O seguinte faz ilações sobre o Partido dos Trabalhadores com as FARC da Colômbia. E o último aborda de forma generalizada todos os escândalos de corrupção do governo Lula, entre os quais o mensalão e o do tráfico de influência de Erenice Guerra na Casa Civil.

Antes de assistir à missa de São Francisco na gruta da Basílica de Canindé, o tucano participou de um ato político envolvendo dirigentes apoiadores de Serra no Estado, como PR, PPS, DEM e PMN. Também esteve presente o senador Mão Santa (PSC/PI), que, este ano, não conseguiu se reeleger. Em seu discurso, José Serra afirmou que iria tirar do papel as obras que ainda não foram iniciadas e outras não concluídas como Refinaria, Siderúrgica e o Metrofor. Serra aproveitou o ensejo para enaltecer a parceria de ambos quando ele foi ministro do Planejamento e Tasso governador do Ceará. “Nós construímos o Porto do Pecém e Castanhão, essas são obras que terminaram e não obras de saliva”, disse.


Por causa do episódio, autoridades eclesiásticas brasileira pretendem encaminhar relato do ocorrido ao Papa Bento II.

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