domingo, 10 de julho de 2011

O SÃO PAULO VOLTOU!

Sem Carpegiani, Rivaldo brilha e ajuda São Paulo a bater o Cruzeiro

Meia vence duelo com Montillo e participa dos gols da vitória por 2 a 1, levando time à vice-liderança. Joel Santana perde seus 100% de aproveitamento


Vários aspectos no futebol fazem a diferença: a tática, a parte física, a técnica, a atitude. Porém, há um quinto fator que andava ausente na cartilha do ex-técnico do São Paulo, Paulo César Carpegiani: a lógica. Sem seu principal jogador, Lucas, que está na Seleção Brasileira que disputa a Copa América, o gaúcho manteve Rivaldo no banco de reservas, apesar da falta de criatividade do time nas três derrotas consecutivas.
Carpegiani caiu, Milton Cruz assumiu interinamente e, em seu primeiro ato, recolocou o camisa 10 como titular, o que não acontecia desde 17 de abril. Resultado: com a ajuda de um time que voltou a lutar demais, o veterano fez a diferença. Assumiu a responsabilidade, distribuiu o jogo e foi o destaque da justa vitória do Tricolor diante de um apagado Cruzeiro por 2 a 1, na fria noite deste sábado, no estádio do Morumbi.
Enquanto o Cruzeiro apostou as suas fichas em Montillo, que foi vigiado por até três jogadores em alguns lances, o São Paulo viu suas principais peças voltarem a crescer. Marlos se destacou, Dagoberto voltou a marcar após 48 dias, e o time, que via ameaçado seu lugar no G-4, vai dormir o sábado na vice-liderança, com 18 pontos, um a menos do que o Corinthians, que neste domingo pega o Atlético-GO. Já os mineiros, que sob o comando de Joel Santana vinham de três vitórias consecutivas, estacionaram na oitava colocação, com cinco pontos a menos.
As duas equipes voltarão a campo no próximo fim de semana, pela décima rodada. O São Paulo irá até Porto Alegre enfrentar o Internacional. Já o Cruzeiro buscará a reabilitação diante do Bahia, em Sete Lagoas. Os dois jogos serão no domingo.
Cruzeiro começa melhor, São Paulo marca, e juiz não marca pênalti
Os times entraram em campo com a mesma postura: três volantes e uma peça de criação no meio-campo. No São Paulo, com a mudança no comando da comissão técnica, Rivaldo figurou como titular, para alegria da torcida presente no Morumbi. Milton Cruz sacou Fernandinho e adiantou Marlos para o ataque, para atuar ao lado de Dagoberto. Além da igualdade tática, quando a bola rolou, São Paulo e Cruzeiro iniciaram jogando da mesma maneira: forçando pelo lado direito de seus ataques. Os mineiros exploravam o setor de Juan, que subia ao ataque e não tinha cobertura na defesa. Do lado tricolor, era Marlos que aproveitava as brechas deixadas pelo improvisado Everton, que é meia de origem, mas foi escalado por Joel Santana como lateral.
Percebendo o problema que havia na defesa, Milton Cruz pediu a Rodrigo Souto para que atuasse mais pela esquerda para ajudar Juan. Isso não só fez diminuir a brecha para os mineiros atacarem, como fez o São Paulo passar a ter o controle da partida. Rivaldo, quando estava com a bola nos pés, fazia o time andar, principalmente porque tinha a companhia de Casemiro, as constantes movimentações de Dagoberto e Marlos na frente e o apoio de Juan pela esquerda. Aos 20 minutos, em um desses lances, saiu o gol são-paulino, com Dagoberto, após bela tabela entre Rivaldo e Marlos. Festa no Morumbi: 1 a 0.
rivaldo marlos são paulo x cruzeiro (Foto: Agência Estado)São-paulinos comemoram: time foi mais aguerrido diante do Cruzeiro  (Foto: Agência Estado)
O Cruzeiro seguiu em busca do empate, mas só tinha alguma inspiração quando Montillo pegava na bola. O problema era que o camisa 10 mineiro era vigiado por, no mínimo, dois jogadores. No mais, Thiago Ribeiro até buscava o jogo, mas faltava qualidade no passe. E os volantes Marquinhos Paraná e Fabrício, diferentemente dos do São Paulo, pouco chegavam ao ataque.
O destaque negativo no frio Morumbi foi o juiz Marcelo de Lima Henrique. Aos 26, ele exagerou ao dar cartão para Dagoberto, que fez falta normal em Montillo. Pior, advertiu o camisa 10 do Cruzeiro, que nada fez. Aos 32, Juan foi atropelado por Marquinhos Paraná em contra-ataque, e o cruzeirense não foi advertido. Para completar, aos 38, ele não viu pênalti claro de Vítor em Dagoberto, que só não marcou porque teve sua camisa puxada dentro da área.
Segundo tempo eletrizante no Morumbi
Os dois times voltaram do intervalo sem alterações. E o São Paulo, em seu primeiro ataque, aumentou a vantagem. Novamente, a inspiração saiu dos pés de Rivaldo, que se livrou da marcação pelo meio e deu assistência perfeita para Marlos, que não perdoou: 2 a 0. Irritado, Joel Santana resolveu mexer na equipe, sacando Vítor e colocando Roger para ajudar Montillo na armação. No entanto, a tentativa não surtiu o efeito desejado. 
Melhor em campo, o São Paulo mudou sua postura, recuando a marcação para tentar matar o jogo no contra-ataque. Juan, em chute cruzado, quase fez o terceiro. Os mineiros ganharam terreno, mas seguiram sem levar perigo ao gol defendido por Rogério Ceni. Foi então que o treinador cruzeirense fez sua segunda alteração, tirando Thiago Ribeiro para colocar Ortigoza. Em seu primeiro ataque, o paraguaio avançou pela direita e cruzou para Wallyson, que, cara a cara com Rogério Ceni, marcou o seu primeiro gol no Campeonato Brasileiro: 2 a 1.
Foi a vez de o interino Milton Cruz agir, sacando Dagoberto, que sentiu o tornozelo, para colocar Fernandinho. Joel Santana partiu para sua última cartada, com Brandão na vaga de Wallyson. Para dar mais pegada ao meio-campo, o técnico tricolor na sequência colocou Zé Vitor no lugar de Casemiro. O Cruzeiro tentou de tudo, mas o São Paulo conseguiu segurar a pressão. Já nos acréscimos, até para ser ovacionado pela torcida, Milton Cruz sacou Rivaldo e colocou Dener, mais um das catagorias de base de Cotia.  Depois, foi só esperar o tempo passar e comemorar a justa vitória, que afasta pelo menos momentaneamente a nuvem negra que havia se instalado no Morumbi.
SÃO PAULo 2 X 1 CRUZEIRO
Rogério Ceni; Jean, Xandão, Rhodolfo e Juan; Rodrigo Souto, Wellington, Casemiro e Rivaldo (Dener); Marlos e Dagoberto (Fernandinho). Fábio; Vítor (Roger), Gil, Naldo e Éverton; Marquinhos Paraná, Leandro Guerreiro, Fabrício e Montillo; Wallyson (Brandão) e Thiago Ribeiro (Ortigoza).
Técnico: Milton Cruz Técnico: Joel Santana
Gols:Dagoberto, aos 20 minutos do 1º tempo. Marlos, a 1 minuto e Wallyson, aos 25 minutos do 2º tempo
Cartões amarelos: Dagoberto, Wellington e Rivaldo (São Paulo); Wallyson, Naldo, Fabrício, Éverton, Gil e Montillo (Cruzeiro)
Renda e Público:R$ 284,320,00 / 11.965 pagantes
Estádio: Morumbi. Data: 09/07/2011. Árbitro: Marcelo de Lima Henrique (RJ) Auxiliares: Dibert Pedrosa Moisés e Ediney Guerreiro Mascarenhas
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quinta-feira, 7 de julho de 2011

ATÉ QUE EM FIM MANDARAM EMBORA CARPEGIANI !

07/07/2011 16h45 - Atualizado em 07/07/2011 16h45

Longe de ser unanimidade, Carpegiani penou com baixas e falta de critério

Treinador teve problemas com vários atletas do elenco, sofreu com desfalques em momentos decisivos e mostrou erros infantis em alguns jogos

Por Marcelo Prado São Paulo
Paulo César Carpegiani foi contratado pelo São Paulo no dia 3 de outubro do ano passado para ocupar a vaga deixada por Sérgio Baresi. Dez anos após sua primeira passagem, ocorrida em 1999, ele deixou ótima impressão no início. O São Paulo precisava de uma combinação grande de resultados para se garantir na Taça Libertadores da América de 2011. E, adotando um esquema altamente ofensivo, com quatro homens de frente, o time deu uma arrancada que chegou até a deixar o seu torcedor cheio de esperança. Foram cinco vitórias (Vitória, Grêmio Prudente, Santos, Atlético-PR e Cruzeiro) e apenas uma derrota (Ceará) em seis partidas.
Paulo Cesar Carpegiani técnico do São Paulo na derrota para o Botafogo-SP (Foto: Ag. Lance)Carpegiani sai do São Paulo após a terceira derrota seguida no Campeonato Brasileiro (Foto: Ag. Lance)
As coisas começaram a mudar de figura com a derrota para o Corinthians por 2 a 0, no estádio do Morumbi. De lá para a frente, o time alternou demais em campo e terminou o Campeonato Brasileiro na nona colocação. Com isso, após sete participações consecutivas na principal competição das Américas, o Tricolor voltaria a disputar a Copa do Brasil na temporada seguinte.
Apesar de não ter alcançado o seu objetivo, Carpegiani fez coisas importantes em poucos meses do seu trabalho. Recuperou Carlinhos Paraíba que, de “turista” no CT da Barra Funda, virou titular inquestionável no meio-campo. Deu nova vida a Fernandinho, que vinha sendo muito criticado pela torcida, e transformou o garoto Lucas de promessa em realidade.
Paulo Cesar Carpegiani observa Lucas no treino do São Paulo (Foto: Luiz Pires / VIPCOMM)Um dos méritos do treinador foi transformar Lucas em realidade no Tricolor  (Foto: Luiz Pires / VIPCOMM)
Veio a temporada 2011, e Carpegiani mostrou poder. Pediu a contratação do zagueiro Rhodolfo, do Atlético-PR, e foi atendido. Deu o seu aval para a chegada do lateral-esquerdo Juan, que ficou sem contrato com o Flamengo. Mas, quando Rogério Ceni viu a possibilidade de trazer Rivaldo para dar mais qualidade ao meio-campo, Carpegiani torceu o nariz. As coisas começariam a sair dos eixos, o que ficou provado pouco tempo depois.
Sem a necessidade de jogar com quatro atacantes, como em 2010, Carpegiani passou a escalar o time que considerou ideal. Com uma característica toda particular: a velocidade. Com isso, Rivaldo ficou sem espaço, assim como Cleber Santana, Rodrigo Souto e Fernandão, três dos atletas com salários mais altos dentro do clube. Junior Cesar, quando se recuperou de contusão, só foi utilizado na suspensão de Juan.
 Para complicar ainda mais, o treinador entrou em rota de colisão com jogadores importantes. Primeiro, foi Dagoberto. Após uma discussão durante um jogo contra o Linense, o treinador foi a público e disse que, daquele jogo em diante, o jogador não era mais inegociável. Na ocasião, o camisa 25 foi multado em 10% do seu salário. Na sequência, o atrito foi com Alex Silva, que faltou a um treinamento. Junior Cesar se estranhou com o treinador durante uma atividade, tanto que pediu para ser negociado e foi embora para o Flamengo. (veja no vídeo ao lado a irritação de Carpegiani com Dagoberto)
A maior polêmica, no entanto, crescia a cada jogo da equipe na temporada. Rivaldo não se conformava de não ser utilizado. Carpegiani, por sua vez, deixava claro que o camisa 10 quebrava o ritmo de sua equipe e que só iria utilizá-lo em ocasiões especiais. A insatisfação dentro do grupo foi crescendo, a ponto de o treinador deixar de ser unanimidade.
Rivaldo e Carpegiani no treino do São Paulo (Foto: Ag. Estado)De solução para o meio-campo do São Paulo, Rivaldo transformou-se em problema para Paulo César Carpegiani, que claramente achava que a lentidão do camisa 10 não se encaixava no time  (Foto: Ag. Estado)
Dentro de campo, o Tricolor fez a sua obrigação, que era garantir vaga na semifinal do Campeonato Paulista. Na hora da decisão contra o Santos, no entanto, Carpegiani perdeu Lucas e Rhodolfo, machucados, e o time amargou uma derrota por 2 a 0. Sobrava então a Copa do Brasil, a grande prioridade do primeiro semestre. Uma inesperada derrota por 3 a 1 para o Avaí transformou o sonho da Libertadores em pesadelo. Na saída do gramado, Rivaldo, que não foi usado em Florianópolis, meteu a boca no treinador, que revidou na entrevista coletiva, questionando o caráter do camisa 10.
Carpegiani balançou, chegou a ter sua demissão confirmada pelo então vice-presidente de futebol, Carlos Augusto de Barros e Silva, mas na última hora o presidente Juvenal Juvêncio mudou de ideia e segurou o técnico. Pior: o comandante voltou atrás na polêmica com Rivaldo, pediu desculpas públicas, reconhecendo o seu erro e dizendo que o meia não havia falado nada de grave. Com isso, perdeu ainda mais força entre os jogadores. No entanto, tinha a defesa do principal nome do elenco: o goleiro e capitão Rogério Ceni.
carpegiani são paulo corinthians (Foto: Mario ângelo / Agência Estado)Goleada para o Corinthians voltou a colocar o
técnico na fogueira (Foto: Agência Estado)
Veio então o Campeonato Brasileiro, e o comandante ganhou fôlego com o início arrasador. Nas cinco primeiras rodadas, o Tricolor teve 100% de aproveitamento. Porém, a situação começou a ser inverter no clássico contra o Corinthians. Com um time muito desfalcado, o São Paulo foi atropelado por 5 a 0 e as cornetas voltaram a soar. Elas ganharam ainda mais intensidade com o tropeço seguinte, diante do Botafogo, no Morumbi, por 2 a 0.  E a situação se tornou insustentável após a terceira queda, desta vez contra o Flamengo, na última quarta-feira, por 1 a 0.
Falta de critérios durante as partidas também pesaram contra o técnico
Carpegiani também foi criticado por conselheiros influentes do Morumbi pela falta de critério dentro das partidas. Contra o Corinthians, por exemplo, após terminar o primeiro tempo com um homem a menos e empatando por 0 a 0, achou que poderia enfrentar o oponente de igual para igual. Ele chegou a ser aconselhado por membros da comissão técnica a reforçar a marcação com a entrada de mais um volante, mas pensou em surpreender o rival no contra-ataque. Resultado: com um buraco no meio-campo onde Carlinhos não estava mais, os volantes do Corinthians deitaram e rolaram. O São Paulo levou cinco gols em 45 minutos.
Em relação a Rivaldo, o técnico dizia que só poderia utilizar o camisa 10 quando tivesse Fernandinho em campo, já que o forte era o seu lançamento. Contra o Flamengo, por exemplo, botou Rivaldo e sacou exatamente Fernandinho. A postura tática do time também causava irritação. Nas primeiras vitórias fora de casa, o treinador povoou o meio-campo com quatro volantes. No Engenhão, abriu o time que, mesmo com uma formação ofensiva, deu apenas um chute no gol de Felipe na etapa complementar.
O fim do trabalho de Carpegiani no São Paulo foi anunciado com uma nota no site oficial do clube. Uma despedida seca para o treinador, após nove meses de altos e baixos. E pouco apoio.

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