terça-feira, 1 de junho de 2010

Israel ignora pressão mundial -


Marinha pronta para interceptar outro barco. Turquia exige punição para 'massacre sangrento'


Apesar das pressões internacionais e dos protestos em todo o Mundo, Israel contra-ataca e diz que vai impedir outro barco humanitário de chegar a Gaza. O navio é hoje, quarta-feira, esperado. Quem também não cede é Turquia, que exige que Israel seja punido pelo massacre.

'Este assalto foi feito contra a Humanidade, as leis internacionais e a paz mundial', afirmou, ontem, o primeiro-ministro turco, Recep Tayip Erdogan. E exigiu o final do embargo 'desumano' sobre Gaza. No Parlamento de Ancara, o chefe do Executivo insistiu em referir-se ao ataque como um 'massacre sangrento, que merece todo o tipo de condenação'.

Após uma reunião de emergência com o ministro da Defesa, o chefe do Estado Maior e o director dos serviços de Inteligência, Erdogan, foi duro: 'Estamos fartos de mentiras. Israel não pode limpar sangue com desculpas'.

Entretanto, o Egipto abriu, ontem de manhã, a sua fronteira com Gaza, facto que veio gerar ainda mais tensões.

Segundo a organização da 'Frota da Liberdade', o conjunto das seis embarcações, anteontem atacadas pelas tropas israelitas, acolhia mais de 750 activistas oriundos de 60 países. Ontem, cerca de 600 foram detidos e, desse grupo, perto de 50 activistas tinham já enfrentado processos de deportação. Estima-se que, nos próximos dias, haverá mais deportados.

Mas nem todos estão a aceitar assinar o documento de deportação, no qual têm que reconhecer que entraram de forma ilegal no país. É o caso de dois dos espanhóis, que, ontem, ainda ponderavam a decisão.

Recorde-se que o ataque causou nove mortos e quase meia centena de feridos.

OTAN exige libertação imediata

O secretário-geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen, exigiu 'a libertação imediata dos civis detidos e dos barcos retidos por Israel'. Após uma reunião extraordinária, solicitada pela Turquia, com os 28 membros da Aliança Atlântica, ontem, em Bruxelas, Rasmussen insistiu, tal como já fez a União Europeia, numa 'investigação rápida, imparcial, credível e transparente'.

E, enquanto isso, diplomatas de Israel procuram controlar a situação. Contudo, a Marinha do país diz estar pronta para interceptar um navio irlandês cuja chegada é esperada hoje. O 'Rachel Corrie' foi adquirido por uma organização que se opõe ao bloqueio israelita sobre Gaza e, segundo divulgou na Internet, pretende prestar assistência humanitária.

'Não permitiremos que barcos cheguem a Gaza para abastecer o que se tornou uma base terrorista que ameaça o coração de Israel', disse o vice-ministro da Defesa israelita.

'Não pode estar morto'

'Diga-me que ele está apenas ferido. Tem dois filhos e mulher. Não pode estar morto' - suplicava uma mulher à procura do paradeiro do marido. A principal Organização Não Governamental (ONG) presente na 'Frota da liberdade', a Fundação de Ajuda Humanitária, Direitos Humanos e Liberdades, passou o dia de ontem a dar respostas às famílias dos activistas.

Segundo o 'El Mundo', o director da ONG, Yavuz Dede, diz que o número real de vítimas é ainda desconhecido. Sabe-se que, entre os 581 passageiros do barco atacado, havia um bebé de 18 meses, que se encontra bem e chegou ontem a Istambul. E que a maioria dos passageiros (400) tem nacionalidade turca.

O Conselho de Direitos Humanos da ONU, que deverá continuar as conversações hoje, acusou o Estado de Israel de violar a lei internacional ao impedir a chegada de ajuda humanitária a Gaza e causar a morte de nove pessoas.

E ontem o dia terminou com mais baixas. Três palestinianos morreram num ataque aéreo israelita em Gaza, em retaliação contra o disparo de dois 'rockets'.

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