sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

tele santana

 
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Telê Santana: o maior técnico de todos os tempos do SPFC



Magia, agressividade, fúria e dedicação. Características do leonino Telê Santana nos cinco anos em que esteve no comando do São Paulo Futebol Clube. Pra ele, o futebol é uma arte, onde o gol é o grande e o único objetivo. Conheça a história desse homem que encantou o planeta.

Fonte: http://www.telesantana.com

Telê Santana da Silva
Nascimento: 26 de julho de 1931
Local: Itabirito, MG

Telê começou cedo. Em 1945 jogou no Itabirense, depois no América Recreativo de São João Del Rey, cujo técnico e presidente era o seu pai. Ainda juvenil, foi para o Fluminense. Assinou contrato profissional em fevereiro de 1951. Logo no seu primeiro ano, sagrou-se Campeão Carioca. Permaneceu no Fluminense por mais 12 anos e antes de parar de jogar, em 1965, ainda jogou no Guarani, Madureira e Vasco.

Iniciou a carreira de técnico em 1967, nas categorias de base do Fluminense e começou a treinar os profissionais em 1969. Continuou conquistando títulos pelos clubes Atlético Mineiro e Grêmio. O Palmeiras é o único clube que dirigiu e não ganhou nenhum título, mas formou uma equipe inesquecível em 1979. Em 1980, foi convidado a dirigir a Seleção Brasileira, cuja classificação para a Copa do Mundo de 1982 e em seus jogos encantou o mundo com o futebol arte que, mesmo sem vencê-la, ficou para sempre na história.

Em seguida foi para a Arábia Saudita, viver uma era de glórias no Ali Ahli, ganhando todos os títulos disputados. Chamado novamente à seleção, classificou novamente o Brasil para a Copa do Mundo de 1986 (perdeu nos pênaltis para a França) e pelo fato de não ganhá-la tentaram colocá-lo como "pé-frio", mas deu a volta por cima ganhando títulos estaduais em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, no Campeonato Brasileiro, das Américas e do Mundo, quando viveu principalmente a era mais vitoriosa do São Paulo Futebol Clube, só comparável à era Pelé no Santos Futebol Clube.

Em 1996, com problemas de saúde, deixou o clube e terminou sua história ganhando o Mundial, não de seleção, mas de clubes e por duas vezes.

COMO JOGADOR

Telê iniciou sua carreira cedo. Em 1945, aos 14 anos, jogou no Itabirense, indo depois para o América Recreativo de São João Del Rey, cujo técnico e presidente era o seu pai.

Ainda juvenil, foi para o Fluminense e conquistou o seu 1º título, Campeão Juvenil de 1950. Assinou contrato profissional em fevereiro de 1951 e foi lançado pelo Professor Zezé Moreira, de quem se tornaria um grande amigo. Telê era conhecido como "Fio de Esperança" - o "Fio", devido ao seu estilo físico, bem magro - 57 kg e "Esperança" pela sua habilidade, rapidez, inteligência e aplicação tática, com que tinha o poder de decidir várias partidas no seu final.

Logo no seu primeiro ano, sagrou-se Campeão Carioca, marcando 2 gols na decisão contra o Bangu, jogando como ponta-direita. Não era driblador como Garrincha, mas em compensação corria muito, lutava o tempo todo, era um "ladrão" de bola e primava pela boa técnica (passe, chute, cabeceio etc.), sendo sempre um dos mais importantes jogadores para sua equipe. Permaneceu no Fluminense por mais 12 anos e antes de parar de jogar, em 1965, ainda passou pelo Guarani, Madureira e Vasco. Sendo convocado algumas vezes para a seleção, não chegou a disputar uma Copa do Mundo. Quando encerrou a carreira como jogador, Telê passou a jogar pelo time de veteranos da ADEG (Associação Desportiva do Estado da Guanabara), junto com outros craques como Nilton Santos, Ademir Menezes, Jair da Rosa Pinto, Zizinho, entre outros..

Telê deixou grandes lembranças no coração dos torcedores do Fluminense. Além de ser o 4º maior artilheiro do tricolor de todos os tempos, em junho de 2000, foi eleito o 5º maior jogador da história do clube, pela Revista Placar.

COMO TREINADOR

Como treinador, iniciou sua carreira em 1967, nas categorias de base do Fluminense, passando a treinar os profissionais em 1969, conquistando o Campeonato Carioca daquele ano. No Atlético Mineiro, foi Campeão Estadual em 1970 e deu ao Galo o 1º Título de Campeão Brasileiro, em 1971.

Dirigiu a Seleção Brasileira em 1980 e classificou o Brasil para a Copa do Mundo da Espanha, em 1982. Este time, considerado uma das melhores equipes de todos os tempos, repleto de craques, encantou o mundo com seu futebol ofensivo, até tropeçar contra a Itália e ser desclassificado.

Em 1983 foi para Arábia Saudita, onde ficou até maio de 1985, sendo campeão do "Campeonato Árabe", da "Copa do Rei" e da "Copa do Golfo".

Antes do início da Copa de 1986, no México, foi convidado outra vez a dirigir a seleção, como salvador da pátria, para as eliminatórias. Classificou-a novamente, mas na Copa, mesmo sem perder (invicto), fazendo 10 gols e tomando apenas 1, sendo considerada a melhor equipe da competição pelos votos dos jornalistas, caiu na disputa de pênaltis diante da França, nas quartas-de-final. Os inimigos do futebol bem jogado e amantes do futebol-força, tentaram rotulá-lo de "pé-frio".

Já no Brasil os fatos mostraram um "pé bem quente", pois ganhou vários títulos seguidos: em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Campeonato Brasileiro, das Américas e Mundial. Principalmente na década de 90, a era mais gloriosa do São Paulo Futebol Clube, conquistou vários títulos, encantando a todos com um time de futebol-arte.

Infelizmente, em 1996, o futebol brasileiro viu o afastamento deste grande profissional dos campos: uma isquemia cerebral o acometeu e deixou o SPFC. Um tempo depois, chegou a assinar com o Palmeiras como diretor-técnico, mas não assumiu. Retirou-se da cena do futebol para cuidar da sua saúde e até hoje deixa saudades a todos os torcedores que ainda gritam o seu nome.

SELEçÃO BRASILEIRA

Uma marca importante na vida do treinador Telê: ele foi o único técnico que, após não levantar uma Copa do Mundo (Espanha, 1982), voltou a dirigir a seleção brasileira para a Copa seguinte (México, 1986).

Assumiu a seleção pela 1ª vez em 1980 e dois anos depois encantou o mundo com sua equipe. Porém, apesar de ser considerada por muitos a melhor do Mundial, não conseguiu passar pela Itália, de Paolo Rossi e voltou antes do tempo.

Este tropeço profissional na vida de Telê mudou um pouco o seu conceito junto aos torcedores, que de melhor treinador do Brasil, passou a ser chamado até de "pé-frio". Em 1983 e 1984, trabalhou na Arábia Saudita, onde também conquistou alguns títulos.

A sua volta ao futebol brasileiro teve o momento marcante em 1985, quando o Brasil sofria nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 1986. Em 6 partidas, a seleção (então comandada por Evaristo de Macedo) tinha conseguido apenas 3 vitórias e amargado 3 derrotas. O técnico era ferozmente criticado pela imprensa e pela torcida e o nome do Mestre Telê era quase unanimidade no País. Como salvador da pátria, Telê deu nova vida ao elenco, vencendo 2 partidas e empatando 2 , conseguiu colocar o Brasil dentro da maior competição do mundo, carimbando o passaporte para o México.

Entretanto, mais uma vez o Brasil não conseguiu o título mundial. A equipe deixava a desejar, se comparada à de 1982, não emplacou e voltou com a 5ª colocação. Neste mesmo ano, Telê já previa: "No Brasil, o futebol está morrendo. As fórmulas dos campeonatos regionais e do Campeonato Brasileiro não são interessantes. Não são escolhidos os clubes em melhores condições técnicas, mas sim os de maior prestígio".*
Hoje, quem ousaria discordar das suas sábias palavras?

* Fonte: trecho do texto de Mário Augusto Francischini, da GE Net

TELÊ EM PESSOA

Magia, agressividade, fúria e dedicação. Características do leonino Telê Santana nos cinco anos em que esteve no comando do São Paulo Futebol Clube. Hoje, ele está magro, com a voz fraca e dificuldades de locomoção.
"Hoje sou um leão manso", diz Telê. O sofrimento de sua esquemia cerebral deixou-o bem diferente. A sua fragilidade choca, se compararmos com aquele técnico austero, revelando o pesadelo destes últimos anos.

Com a ajuda da família, Dona Ivonette, o filho René, a filha Sandra e os quatro netos, Camila, Diogo, Mariana e Bruno, ele vive da sua história de glórias, mas também de muita luta. Teve muitos altos e baixos, foi herói, mas também já foi chamado de "pé-frio", foi unanimidade mas também já foi execrado pela torcida brasileira e pela imprensa. E agora a batalha contra a doença.

O futebol era a sua vida. Tem sido muito difícil sem ele. A isquemia foi derrubando-o pouco a pouco. Não podia mais gritar com o jogador, nem treiná-lo para acertar o cruzamento, nem ensinar como se bater numa bola.

Agora, Telê não pode mais ensinar a arte do futebol, onde o gol é o grande e o único objetivo, assim como as jogadas espetaculares, incansavelmente ensaiadas nos seus treinos táticos diários com a equipe. Chegou a estar em depressão profunda: "Eu não tinha vontade de fazer nada. Ia para um lugar e logo me aborrecia. Voltava e continuava irritado. Não sabia o que estava fazendo. Nada tinha graça. É uma doença que você não vê quando chega, mas ela chega e te domina. Só me livrei por causa do apoio da família".

Com o final de sua brilhante jornada no futebol, Telê passou a repensar nas inúmeras coisas para as quais não tinha tempo enquanto estava no campo: "Eu estou mais compreensivo, mais calmo, menos exigente, mas continuo ranzinza".
Pode ser, mas acreditamos que ele está muito mais presente e apegado à sua família, o que não pôde ser feito naqueles tempos de muitas concentrações e de dedicação total à sua paixão, chegando até a morar no Centro de Treinamento do SPFC, para estar sempre ao lado de seus jogadores, tanto na profissão como na vida pessoal. Esta dedicação aos jogadores nem sempre era bem recebida pelos seus pupilos, mas Telê justificava que a vida fora de campo reflete diretamente na ação dentro do campo.

A família prefere assim: que ele esteja longe do futebol. De preferência, para sempre. "Ele não pode se estressar e como técnico isso é impossível", resume o filho Renê.

Mas ele não consegue: continua observando a tudo e a todos. Analisa, critica, elogia e acompanha todos os jogos pela televisão, quando os movimentos lhe permitem...

Sempre haverá um fio de esperança...

Fonte: trechos da entrevista a João Primo, da Revista "Isto é", de 3 de julho de 1996

FIO DE ESPERANçA

A história de um homem cego pela paixão.

Do mesmo modo como o ex-técnico Telê Santana encantou o planeta com a seleção brasileira de 1982, deu alegria aos são-paulinos com as duas conquistas do Mundial Interclubes, em 92 e 93 e fez o mundo do futebol chorar com seu afastamento do esporte, por problemas de saúde, em 94, a obra "Fio de Esperança" também tem tudo para comover os leitores.

É a opinião do autor, o jornalista André Ribeiro, da TV Cultura, que escreveu também "O Diamante Eterno", biografia do ex-craque Leônidas da Silva, o inventor da bicicleta.

O principal objetivo de André Ribeiro é mostrar o porquê dessa "cega paixão" de Telê pelo futebol. Ele conta histórias desde a época em que o "mestre", como era chamado no São Paulo, era jogador do Fluminense, na década de 50, até meados dos anos 90, quando deixou de ser treinador, por problemas de saúde.

Casos dos mais interessantes, que nunca chegaram ao conhecimento do público, serão contados na obra. Um deles, por exemplo, ocorreu em 71, na véspera da final do Campeonato Brasileiro, entre Atlético-MG e Botafogo.

Telê jogava uma partida de pingue-pongue com Dadá Maravilha, na concentração. Mesmo sabendo da importância da partida do dia seguinte, ele fez o atacante correr de um lado para o outro. Dadá acabou deslocando a coluna e quase desfalcou a equipe na final. "Essa história mostra bem como a vitória sempre foi importante para o Telê, até num jogo de pingue-pongue", diz o autor.

André Ribeiro ouviu mais de 50 depoimentos e passou três meses do ano passado viajando para Belo Horizonte, para encontrar Telê e conversar sobre os fatos do passado. Ele passava fins de semana na casa de campo do treinador, em Rio Acima. Em algumas ocasiões, visitou Itabirito, interior de Minas, cidade onde nasceu Telê.

Numa das vezes, André promoveu o encontro entre Telê e Celso Matos, um amigo de infância. "Telê lembrou-se do hino do Itabirense (clube pelo qual atuou antes de se profissionalizar), cantou um trecho e seus olhos ficaram cheios de lágrimas". O trecho final do hino diz: "O que não podem te negar é o direito de viver". E o direito que Telê mais busca em sua vida é o de voltar a trabalhar no futebol e dirigir uma grande equipe.

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